O Encoberto

Cavaleiro do Sonho e do Desejo,
guarda no santo Graal,
com a nossa Saudade e o nosso Beijo,
- o sangue de Portugal.


Sonho de além e de glória,
há tanto, há tanto
o sonha um Povo inteiro!
Maravilha e encanto
da nossa história:
- oh Manhã de Nevoeiro...


Oh manhã misteriosa
que alvoreces em nós teu rompante claror,
teu messiânico alvor,
manhã de além, alva saudosa,
- tu és nossa força que não passa,
teu sonho em nós revive ao longe e ao perto,
manhã sem dia, oh manhã de Graça,
em que há de vir o Encoberto...


Místico Paladino iluminado,
que ao areal arrastou nossa alma em flor
e jogou a sorrir nosso destino e sorte,
ele era vivo antes de Desejado,
ele era vivo em nosso sonho e amor,
- e nunca o levou a morte!


Ele é vivo e é eterno! Horas ansiadas
em que o sinto, no meu sangue, em mim...
Ele vive nas Ilhas Encantadas
da nossa alma sem fim...


E, oh maravilha!
em toda a hora do perigo e do temor,
o Encoberto volta da sua Ilha,
e salva-nos, e salva-nos, Senhor!...


E a Esperança imortal,
surda palpita na manhã rompente!
Cerra-se a névoa alucinadamente,
Portugal boia no nevoeiro...


E o Cavaleiro
do Sonho e do Desejo
guarda no Santo Graal,
com a nossa Saudade e o nosso Beijo,
- o sangue de Portugal.

Éclogas de Agora

Éclogas de Agora (2ª) de Afonso Lopes Viera (1º ed., Set-Out., Edição de Autor, 1935) que foram "retiradas da distribuição" pouco depois de publicadas. Entre parêntesis rectos seguem algumas anotações julgadas necessárias a uma melhor clarificação do seu conteúdo histórico.


Interlocutores: Hipério [Hipólito Raposo] e Viviano [o Autor]




Viviano


Ó solidão, ditosa companhia
se no-la enche a consciência alegre!
Val-de-Lobos das almas que não vergam!
Exílio, pátria dos honrados homens!...


Quando emprego os meus olhos
em tudo o que é passado
louvo o alto destino
que nos deixou de banda entre os festeiros
das funções deste prado
para ficarmos firmes e leais,
alheios à festança
de tanta vã mentira,
de tanta dor do gado,
inimigos de tantos maiorais!...


Esse gado mesquinho defendemos
tantos anos seguidos,
levantando os cajados
contra os lobos que assaltam os rebanhos,
desde os lobos azuis [monárquicos liberais-constitucionais, que vieram a fornecer ao Estado Novo o grosso da sua componente de apoiantes monárquicos]
(já muito desdentados)
té os vermelhos lobos [comunistas]
de perigosa goela!
E agora novos lobos [corporativistas de Estado - Salazaristas]
com fereza gelada
devoram as ovelhas,
assaltam a manada,
mandando que nem brado ou voz se solte
por que não se importunem tais orelhas!...


Silêncio assim tão novo
jamais pesou nos prados;
os rebanhos arquejam sufocados,
e nós, zagais do povo,
já deixámos as frautas e as cantigas
para apertar o punho dos cajados.
Que razão tem, pastores,
que nos tolham a voz?
Quem poderá jamais justificá-lo?
Se o que foi feito por amor de nós
é bom, deixai-nos todos bendizê-lo,
se é mau, devemos todos condená-lo!...


Mordaças não convêm a lusas bocas;
e senão vêde aqueles
grandes zagais antigos,
glórias desta ribeira,
chamados Gil Vicente
e Luís de Camões
e padre António Vieira,
que todos foram bravos,
todos falaram rijo
na Portuguesa Língua forte e clara
ou no paço dos reis
ou no divino Poema
ou na defesa épica de escravos!...


E nós, zagais que fomos
os primeiros na luta destemida,
havemos de ficar assim calados,
mais medrosos que os gados,
como ovelha que bala de perdida?
E quem manda calar-nos?
Esses que se abrigavam
nas cabanas amigas
ou nas tocas seguras
quando se armavam cá no prado as brigas!...


Hipério, amigo forte,
peguemos outra vez nestes cajados
tão useiros ao jogo
e de novo saiamos
com bravura e ardil
a pelejar co’os lobos que ajudámos
a penetrar no fundo do redil!...


Hipério


Sim, Viviano amigo,
Quando recordo os nossos companheiros,
uns já mortos, os outros desterrados,
minha alma se enternece e se faz triste.
Quanto esforço que andámos dispendendo,
quanta renúncia aos cómodos da vida!
Quanta estúpida injúria recebida
desses próprios que andámos defendendo.


Lembra-me o alto Antonius [António Sardinha]
que do jardim da raia,
cidade forte e branca,
com a pressa de quem pressente a morte
tanta luz derramou por estes prados!
Outro morreu primeiro,
moço e de mente clara,
Cordário [Adriano Xavier Cordeiro] era o seu nome;
Brácaro [Luís de Almeida Braga], zagal fino
que se apurou em Flandres,
lá guarda solitário o seu rebanho;
Monsário [Alberto de Monsaraz] trespassado
na peleja dos lobos,
vive longe de nós, em terra alheia;
Rebélio [José Pequito Rebelo] tão experto
nos profundos segredos da lavoura,
nunca foi por ninguém aproveitado;
Lucius [Afonso Lucas] foi salteado
e nos risos amargos se consola...
Meu Deus, que triste sorte!...
Todos no exílio, todos,
ou na pátria ou na morte.


Viviano


E tu próprio estiveste
preso em choupana agreste
donde não pude defender-te quando
maiorais, hoje lobos,
ouviram minha fala
que na ribeira Clara fui botando


[Referência ao julgamento de Hipólito Raposo no Tribunal de Santa Clara, no qual Afonso Lopes Vieira foi seu advogado de defesa]




Hipério


E tu mesmo, que foste perseguido
por furiosos zagais
quando cantaste esse zagal sem nome


[referência à prisão de Afonso Lopes Vieira, por motivo da publicação da sua poesia «Ao Soldado Desconhecido»]


que nas brigas de além morreu perdido.
Com efeito, os soldados - excelentes;
capitães, onde estais?
Certo é que sentimos o desterro
a que a nova alcateia nos condena,
a que repete em voz desentoada
canções da nossa avena !


[Referência à tentativa de apropriação do legado político e cultural do «Integralismo Lusitano» (em especial o de António Sardinha] feita por alguns ex-integralistas, colaboradores de Salazar depois de 1929, Marcelo Caetano, Teotónio Pereira, entre outros]


E são lobos tão pérfidos no assalto,
tão matreiros, tão crus e tão gulosos,
que nos parece já que os outros lobos
em verdade eram menos perigosos!...


Viviano


Hipério, dizeis bem e eu mesmo o sinto;
os inimigos de antes muitas vezes
sendo brutais eram até corteses;
os de hoje são peçonha em água benta.


Mas os zagais mais moços
moços na idade, n’alma engelhadinhos -
que aprenderam connosco
a tocar e dançar, a serem homens,
quase todos estão daquela banda
donde a nós nos monteiam.
Ardente mocidade,
é mais feia a traição na tua idade
e horrendo que te comprem por traidora!
Por isso eu canto alegre,
sòzinho pelo prado:
Ó solidão, formosa companhia
se no-la enche o coração contente!
Não há luxo maior que o ser-se honrado.


Hipério


E pensar que lá longe
na estrangeira terra,
nesse exílio que dura há tantos anos,
vive aquele Pastor [O Rei, D. Duarte Nuno] que salvaria
estes campos da morte e da ruína
e dos lobos cruéis estas ovelhas!...


Pastor mais luso e nosso
outro se não conhece;
tem puras qualidades que rebrilham
entre as dos guardadores
da honra e da mantença das lavouras.
Ele é bravo e é pobre;
a nossa Língua fala
que um século vivido entre as alheias
jamais fez esquecida;
aprendeu na dureza
e alta dignidade
do pão do seu exílio
a saber como os pobres são honrados
quase só pelo serem,
e como o ventre obeso dos tiranos
do mando ou do dinheiro
é cousa dura e feia.


Se ele um dia viesse
aos nossos lusos prados
acabava-se a dança dos pastores
que são hóspedes caros ou ligeiros
da cabana onde em feno perfumado
se repolteriam todos,
monarcas da desordem
ou da vil tirania.


Oh! a danada dança,
dança desordenada!
Este espicaça o gado e açula os lobos;
esse é honrado e tapa os negros crimes;
aquele engorda e o gado está no fio;
outros querem livrar-se
e fugindo abandonam o rebanho...
Rendeiros todos são, nenhum é dono.
Pois como hão-de estimar a boa terra
quando a trazem de renda e a fatigam?
Um dia abalam - quem lhes faz as contas?
E se acaso um bom velho
de olhos azuis e de alma enamorada [Henrique de Paiva Couceiro]
se dispõe a guardar o gado solto,
os maus zagais do prado
vão e pegam-lhe fogo!


Quando virás um dia,
pastor que sejas dono e não rendeiro,
morador e não hóspede,
bem apegado à terra,
capaz de ter amor,
leal, nunca onzeneiro,
descendente daqueles que guardaram
as queridas ovelhas
sem jamais esfolá-las
nem à fome matá-las
nem à bruta tangê-las?...


Viviano


Amigo, que Pastor venha depressa
à terra sua e nossa
que com tanta mentira se esboroa
e com tão crua fome desfalece;
mas que sempre recorde
que descende dos ínclitos Pastores
que fizeram tão grande a nossa glória
porque amavam a terra
estimando-lhe a gente.
Mas que nunca se esqueça
de que provém do Mestre [O Mestre de Avis, Rei D. João I]
e do Segundo Joane [Rei D. João II].
O primeiro que foi senão o povo
coroado por chefe
e revendo-se todo
na sua própria imagem coroada?
Ó Fernão Lopes, conta
como os ventres ao sol
lá em Aljubarrota pelejavam! -
E Joane, «de fama sempiterna»,
destruiu, para bem desta lavoura,
as moagens que a terra devoravam!...


Que o Pastor que chamamos
assim como eles seja:
que respeite sem quebra
as nossas liberdades,
lembrando-se do verso que falando
Da Lusitana antiga liberdade
nos dá tamanha honra;
que toda a usura açaime
e o trabalho defenda;
que ame a lavoura, donde
um povo inteiro vive;
que não chame às províncias
do Além-mar colónias,
o que já é perdê-las;
[Alusão ao Acto Colonial e ao Colonialismo, a que os integralistas se opunham]
que nunca ao pé consinta
as cortesãs beatas,
os duques descarados,
os condes financeiros,
a fim de que essa corte seja aquela
corte de alto esplendor
onde o chefe da Casa
dos vinte e quatro ofícios
penetre entre brandões que se acenderam
para honras lhe dar de Embaixador!...

Saudades de Portugal

1


Nunca como em Veneza
adoro a nossa pobreza
portuguesa;
as nossas casas caiadas,
as nossas praias salgadas,
os burricos berberes,
e na Batalha de pedras douradas
a saia pela cabeça das mulheres.


Ó Veneza oriental,
marítimo tesouro
de púrpura, de mármores e de ouro:
- em Portugal
rico só é o ceu que nos lá cobre.
Portugal teve o mundo - e ficou pobre.




2


Aquele romantismo de Veneza
ah! não, não acabou
enquanto um ruivo sol de dogareza
o Canal Grande todo iluminou.


Sirenetta d´Annunzio cobiçava
certa gôndola em flor;
e a sombra de Musset, no Danieli, lembrava
as cruezas de George, o amor e a dor.


Mas à varanda deste albergo Real
(diz lá, Poesia: onde é que moras tu?)
um hóspede contempla a luz ideal
sentado em almofada de cautchú.




3


Este lugar Anfitrite,
com seu capitão de Ílhavo,
que leva gasolina
a portos da Moirama
e às correntes mais vivas se abandona,
quanto mais me diverte
que o Roma e o Cap Arona!


Vamos na intimidade
do mar, com quem podemos conversar...
- Ó palaces horríveis p´ra viajar!
Coqueteiles de horror! Cadáveres pintados!
Banqueiros! Espiões de todos os Estados! -
Aqui vivo na tolda e ando salgado,
livre do mau-olhado,
e durmo sono fundo
sob as estrelas, té que rompa o dia.
Neste nosso veleiro
poderíamos dar a volta ao mundo
porque ia connosco a Ria
de Aveiro!...




4


Lavrador do Chão,
se semeio trigo
choro-me comigo
e não colho pão.


E se planto vinha
e trato o que planto,
que miséria a minha,
o meu vinho é pranto.


Lavrador do mar,
se semeio espuma
colho e ceifo bruma,
ponho-me a cantar!


Ó seara de vagas
em que os olhos ponho,
que bem que me pagas
em moeda de sonho!...

D. Inês de Castro

Choram ainda a tua morte escura
Aquelas que chorando a memoraram;
As lágrimas choradas não secaram
Nos saudosos campos da ternura.


Santa entre as santas pela má ventura,
Rainha, mais que todas que reinaram,
Amada, os teus amores não passaram
E és sempre bela e viva e loira e pura.


Ô linda, sonha aí, posta em sossego
No teu muymento de alva pedra tina,
Como outrora na Fonte do Mondego.


Dorme, sombra de graças e de saudade,
Colo de Graças, amor, moço menina,
Bem-amada por toda a eternidade!

Cavaleiro do cavalo de pau

Vai a galope o cavaleiro e sem cessar
Galopando no ar sem mudar de lugar.


E galopa e galopa e galopa, parado,
E galopa sem fim nas tábuas do sobrado.


Oh!, que brabo corcel, que doídas galopadas,
– Crinas de estopa ao vento e as narinas pintadas!


Em curvas pelo ar, em velozes carreiras,
O cavalo de pau é o terror das cadeiras!


E o cavaleiro nunca muda de lugar,
A galopar, a galopar a galopar!…

Saudades trágico-marítimas

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.
Na praia, de bruços,
fico sonhando, fico-me escutando
o que em mim sonha e lembra e chora alguém;
e oiço nesta alma minha
um longínquo rumor de ladainha,
e soluços,
de além...


Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.


São meus Avós rezando,
que andaram navegando e que se foram,
olhando todos os céus;
são eles que em mim choram
seu fundo e longo adeus,
e rezam na ânsia crua dos naufrágios;
choram de longe em mim, e eu oiço-os bem,
choram ao longe em mim sinas, presságios,
de além, de além...


Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.


Naufraguei cem vezes já...
Uma, foi na nau S. Bento,
e vi morrer, no trágico tormento,
Dona Leonor de Sá:
vi-a nua, na praia áspera e feia,
com os olhos implorando
- olhos de esposa e mãe -
e vi-a, seus cabelos desatando,
cavar a sua cova e enterrar-se na areia.
- E sozinho me fui pela praia além...


Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.


Escuto em mim, - oiço a grita
da rude gente aflita:
- Senhor Deus, misericórdia!
- Virgem Mãe, misericórdia!
Doidos de fome e de terror varados,
gritamos nossos pecados,
e sai de cada boca rouca e louca
a confissão!
- Senhor Deus, misericórdia!
- Misericórdia, Virgem Mãe!
e o vento geme
no bulcão
sem astros;
anoitecemos sem leme,
amanhecemos sem mastros!
E o mar e o céu, sem fim, além...


Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.


Ah! Deus por certo conhece
minha voz que se ergue, branca e sozinha,
- flor de angústia a subir aos céus varados
p'la dor da ladainha!
Transido, o clamor da prece
do mesmo sangue nos veio
Deus conhece os meus olhos alongados;
onde o mar e o céu deixaram
um pouco de vago anseio
nesse mistério longo do seu halo...
Rezam em mim os outros que rezaram,
e choraram também;
há um pranto português, e eu sei chorá-lo
com lágrimas de além...


Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.


Ó meu amor, repara
nos meus olhos, na sua mágoa clara!
Ainda é de além
o meu olhar de amor
e o meu beijo também.
Se sou triste, é de outrora a minha pena,
de longe a minha dor
e a minha ansiedade.
Vês como te amo, vês?
Meu sangue é português,
minha pele é morena,
minha graça a Saudade,
meus olhos longos de escutar sem fim
o além, em mim...


Chora no ritmo do meu sangue, o Mar

Pinhal do Rei

Catedral verde e sussurrante, aonde
a luz se ameiga e se esconde
e aonde, ecoando a cantar,
se alonga e se prolonga a longa voz do mar:
ditoso o "Lavrador" que a seu contento
por suas mãos semeou este jardim;
ditoso o Poeta que lançou ao vento
esta canção sem fim...


Ai flores, ai flores do Pinhal florido,
que vedes no mar?
Ai flores, ai flores do Pinhal florido,
rei D. Dinis, bom poeta e mau marido,
lá vem as velidas bailar e cantar.


Encantado jardim da minha infância,
aonde a minh'alma aprendeu;
a música do Longe e o ritmo da Distância
que a tua voz marítima lhe deu;
místico órgão cujo além se esfuma
no além do Oceano, e onde a maresia
ameiga e dissolve em bruma,
e em penumbra de nave, a luz do dia.
Por estes fundos claustros gemem
os ais do Velho do Restelo...
Mas tu debruças-te no mar e, ao vê-lo,
teus velhos troncos de saudades fremem...


Ai flores, ai flores do Pinhal louvado,
que vedes no mar?
Ai flores, ai flores do Pinhal louvado,
são as caravelas, teu corpo cortado,
é lo verde pino no mar a boiar.

Cantares dos búzios

Ai ondas do mar, ai ondas,
ó jardins das alvas flores,
sobre vós, ondas, ai ondas,
suspiram os meus amores.


No fundo dos búzios canta
o mar que chora a cantar
ó mar que choras cantando,
eu canto e estou a chorar!


Ai ondas do mar, ai ondas,
eu bem vos quero lembrar:
«a minha alma é só de Deus
e o meu corpo da água do mar!»

Flores do Verde Pinho

Ó meu jardim de saudades,
Verde catedral marinha,
E cuja reza caminha
Pelas reboantes naves...


Ai flores do verde pinho,
Dizei que novas sabedes
Da minha alma, cujas sedes
Ma perderam no caminho!


Revejo-te e venho exangue;
Acolhe-me com piedade,
Longo jardim da saudade
Que me puseste no sangue.


Ai flores do verde ramo,
Dizei que novas sabedes
Da minha alma, cujas sedes
Ma alongaram do que eu amo!


- A tua alma em mim existe,
E anda no aroma das flores,
Que te falam dos amores
De tudo o que é lindo e triste.


A tua alma, com carinho,
Eu guardo-a, e deito-a, a cantar,
Das flores do verde pinho
- Àquelas ondas do mar.